Guimarães Rosa e sua poética da indagação
Palavras-chave:
Inovação; Modernismo; ruptura, reflexão.Resumo
Os ventos da inovação que surgiram na Europa no final do século XIX e varreram o cenário estético no início do século XX, na forma das Vanguardas, encontraram expressão no Brasil através do movimento modernista, que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. Este movimento trouxe transformações radicais para a literatura e as artes, destacando-se pela ruptura da linguagem e pela busca de uma identidade cultural própria, em contraposição à influência estrangeira. Guimarães Rosa, geralmente situado como autor da Terceira Geração do Modernismo, desempenhou um papel crucial nesse contexto ao revolucionar a linguagem narrativa, mesclando elementos da Primeira Geração do Modernismo e das Vanguardas europeias. Guimarães Rosa empreendeu uma verdadeira cruzada pela reflexão através da linguagem, desencadeando um processo de desconstrução que revelava sua provisoriedade. Ele considerava a revitalização da linguagem como um compromisso vital, buscando constantemente violar normas e substituir clichês por expressões únicas. Seu uso do estranhamento e da metalinguagem na narrativa foi fundamental para destacar o caráter construído da linguagem. Guimarães Rosa, através de sua obra, não apenas desconstruiu e reconstruiu a linguagem, mas também refletiu agudamente sobre sua natureza, levando muitos críticos a descreverem seu universo ficcional como um sertão construído na linguagem.