Foi um rio: Paulinho da Viola, 1970

Autores

  • Roberto Bozzetti UFRRJ Autor

Resumo

O presente artigo analisa o segundo LP de Paulinho da Viola, lançado em 1970, como um marco na consolidação de sua assinatura artística. Diferentemente do primeiro disco, este LP apresenta uma sonoridade mais pessoal e característica, marcada pela fusão da voz e violão de Paulinho com arranjos discretos e elementos percussivos. Há três pontos cruciais nesse processo: a forma com que Paulinho evidencia os procedimentos composicionais, comentando a situação política do Brasil na época; o desfazimento da voz autoral, buscando uma integração entre sua voz individual e a voz coletiva do samba; e uma dialética entre a melancolia da tradição do samba e a inquietação diante do novo. Assim, o LP de 1970 marca o início de um projeto poético em que Paulinho da Viola busca uma interação completa com o universo do samba, apagando a voz autoral individual em favor da voz coletiva da tradição. Ao mesmo tempo, o disco apresenta elementos inovadores que apontam para o futuro, revelando a inquietação e a busca por novos caminhos dentro da tradição do samba.

Biografia do Autor

  • Roberto Bozzetti, UFRRJ

    Roberto Bozzetti é professor associado do Departamento de Letras e Comunicação da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Possui doutorado em Literatura Comparada pela UFF, com a tese, defendida em 2005, Paulinho da Viola e as interfaces do moderno no Brasil.  Membro do Grupo de Pesquisa Literatura, Linguagem, Contexto (UFRRJ/CNPq).  Tem três livros de poesia publicados.

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Publicado

2024-08-01