“Uma boa mulher em um bom país”: novos discursos pós-coloniais na série The No.1 Ladies Detective Agency
Palavras-chave:
discursos pós-coloniais, nação e narração, ficção policialResumo
Este ensaio discute a representação de Botsuana proposta em The No.1 Ladies’ Detective Agency (1998), de Alexander McCall Smith. O antigo protetorado é apresentado como um país estável e próspero, bastante diferente das representações do ‘continente escuro’ feitas pela literatura colonial, confirmando que a ideia de uma África homogênea não se sustenta. Fazendo referência à obra de Homi Bhabha, vê-se que, embora a série lance mão do gênero policial, a História das nações narradas ocupa um espaço preponderante, apontando para a construção de uma identidade nacional e a busca por um espaço próprio no cenário mundial. Constata-se a existência de uma outra África, distinta daquela representada no imaginário ocidental – uma África que encontrou uma certa estabilidade política, social e econômica. A protagonista da série é uma representante adequada de seus país nativo, descrita por seu criador como “uma boa detetive, e uma boa mulher. Uma boa mulher em um bom país.” (McCALL SMITH, 1998, p.4). Cabe apontar que a África narrada no romance estudado sugere a possibilidade de ainda outras Áfricas, pois uma vez que se desconfie da ficção de homogeneidade pregada pelo domínio colonial, abre-se o caminho para que cada nação africana narre a sua própria África – ou as suas Áfricas plurais.