Harper ou a Lady Macbeth da contemporaneidade
Palavras-chave:
loucura, Lady MacBeth, Angels in AmericaResumo
Dan Vogel divide o teatro estadunidense em três máscaras distintas: a do diabo, a de Édipo e a de Cristo; lembrando a origem cristã do norte-americano. Angels in America, peça de 1985, de Tony Kushner, claramente não nega essa origem e coloca no palco todas elas. O fantasma da mulher louca e sofredora é literalmente encarnado em Harper, uma viciada em valium. Aqui, a louca de Kushner é o cristo de Vogel. Pode-se dizer que a solidão imposta a ela pelo marido e pela sociedade é a imagem de seu sofrimento, a sua cruz é a loucura, decorrente dessa solidão, e a sua ressurreição, ao final da peça, é a devolução da sua lucidez. De fato, Harper percorre o caminho contrário do de Lady Macbeth, personagem de Macbeth, de William Shakespeare - a primeira vai da escuridão à luz, enquanto que a última, da luz à escuridão. Esse texto tenta elucidar as duas personagens enquanto figuras femininas ao mesmo tempo que delineia seus caminhos opostos no mundo em que vivem.