Frankenstein e The Windup Girl: quando o passado e o presente se encontram no futuro
Resumo
O presente trabalho analisa a obra The Windup Girl (2010), de Paolo Bacigalupi, centrando-se na personagem Emiko, uma "windup girl" criada para servir aos humanos, mas que enfrenta conflitos internos entre sua programação e o desejo de liberdade. Emiko, uma androide com habilidades superiores às humanas, é vista como uma ameaça à sociedade tailandesa futurista e conservadora retratada no romance. Apesar de ser submetida a abusos e tratada como inferior, Emiko demonstra sentimentos complexos, como repulsa e compaixão, enquanto luta para superar sua programação e buscar independência. O estudo traça paralelos entre Emiko e a criatura de Frankenstein (1818), de Mary Shelley, destacando como ambas as obras exploram temas como a rejeição social, a rebelião contra os criadores e as consequências da intervenção humana na natureza através da ciência. Enquanto a criatura de Frankenstein é rejeitada por sua aparência grotesca, Emiko é marginalizada por sua natureza tecnológica, embora ambas compartilhem a capacidade de sentir e questionar sua existência. A análise também aborda como as obras de Bacigalupi e Shelley criticam a ambição desmedida da ciência e do progresso, destacando os perigos morais e sociais dessas transgressões. Ambas as narrativas refletem sobre a relação entre humanos e pós-humanos, questionando os limites éticos da criação artificial e as consequências da exploração desenfreada dos recursos naturais e humanos. O trabalho conclui que as obras servem como alertas sobre os riscos da húbris humana, mostrando como a busca pelo poder e pelo controle pode levar à autodestruição, tanto individual quanto coletiva