Por uma pedagogia da arte: a experiência estética de Orpheu

Autores

  • Rafael Santana Autor

Palavras-chave:

Orpheu, decadentismo, modernismo

Resumo

A proposta deste artigo é a de apresentar o conceito de educação às avessas como fundador da experiência estética de Orpheu. Ao proclamar a autonomia da arte, este grupo de artistas rejeitava o pensamento oitocentista que entrelaça educação e literatura, e que caracteriza o projeto tanto da estética romântica quanto da realista. Promulgando a  ideia da autorreferencialidade da arte, o Modernismo português – na contramão da grande tradição do século XIX – rechaça, com veemência, a noção de que o artista seria aquele que tem uma missão social a cumprir. No entanto, ao produzirem uma literatura que visava a romper com uma vertente marcadamente engajada por meio de gestos rebeldes e iconoclastas, os de Orpheu acabaram por propagar o anseio por uma nova pauta de valores autênticos, contribuindo, a seu modo, para a renovação das consciências. Herdeiro das reformulações éticas e estéticas do movimento finissecular – ao qual a sua tertúlia literária declaradamente se filia –, Mário de Sá-Carneiro constrói na sua obra um mundo onírico e abstrato, assinalado pela quebra da lógica e da racionalidade científica, propondo, desta forma, um novo e perverso conceito de educação, que se inscreve no avesso do modelo anterior.

Biografia do Autor

  • Rafael Santana

    Professor Adjunto de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Doutor em Literatura Portuguesa pela mesma universidade, onde defendeu a tese intitulada Lições do Esfinge Gorda, sobre a prosa e a correspondência literária de Mário de Sá-Carneiro. Atua principalmente nos seguintes temas: Decadentismo, Modernismo e ecos do fim de século na literatura contemporânea. Tem artigos publicados no Brasil e no exterior.

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Publicado

2023-10-25