"O operário em construção" de Vinícius de Moraes:  poesia e engajamento no Modernismo brasileiro.

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Resumo

O poema “O operário em construção” (1955) de Vinicius de Moraes (1913-1980) pode ser tomado como um exemplo, no trabalho dos poetas modernistas brasileiros, de expressão nacional da Poesia Social, ou seja, aquela que surgiu como um movimento, entre os anos 1950 e 1960, premida pelos efeitos da guerra civil espanhola e se caracterizando por pretender exercer algum nível de função social e conter um comentário social. No Brasil, a poesia social teve um espaço político-econômico-social-cultural para se expressar nacionalmente no imediato pré-golpe militar empresarial, com o movimento de massas que se organizava em torno das reformas de base do governo João Goulart em experiências como aquela dos Cadernos do Povo Brasileiro e seus volumes dedicados a poesia (Violão de Rua) no qual o primeiro volume (de um total de três) trazia o poema de Vinicius de Moraes. Com uma receptividade reticente ou hostil no momento que vem a público, o poema permanece pouco estudado e, geralmente, confinado àquilo que se convencionou chamar populismo na política e na arte do Brasil da década de 1960. No sentido de reavaliar este poema de Vinicius de Moraes, tanto como objeto de apreciação (obra poética propriamente dita) quanto como objeto de função (poesia social, engajada e de um momento histórico preciso), neste ensaio serão utilizadas três perspectivas: (1) O poema será avaliado nas suas afinidades com o movimento da Poesia Social que se estabeleceu na Europa; (2) Na sua filiação ao momento de arte engajada do pré-1964, especialmente em referência a experiência do Violão de Rua; e (3) Na sua singularidade poética, levando em consideração a realização concreta e histórica deste poema como um objeto com função específica, bem como na sua base material, ou seja, a tensão que nele se exerce entre dois elementos, o significante, que toma as palavras na sua realidade material e, em segundo lugar, o tempo, entendido como tensões entre vibração e repouso, ruído e silêncio, pulso e pausa que produzem o ritmo ou “musicalidade” do poema.

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Publicado

2024-02-08