O samba-enredo e a formação de uma Poética da Brasilidade
Resumo
A construção de símbolos caracterizadores de uma “brasilidade” permeia o pensamento intelectual no país e a própria cultura brasileira. A literatura brasileira tem desde as suas primeiras manifestações a presença de narrativas que buscam qualificar o que é peculiar do Brasil. Na canção popular, a primeira metade do século XX viu o samba ser alçado à condição de “música nacional”, fazendo dele e do carnaval alguns dos principais símbolos pátrios. Do amálgama entre samba e carnaval surgiram as escolas de samba, gênero artístico, e o samba-enredo, gênero cancional. Da década de 1930, quando a modalidade carnavalesca se estabelece, até hoje, algumas temáticas sobressaem-se em sua poética; entre elas, os enredos “aquarela do Brasil”, prolíficos na narratividade de aspectos da história, da geografia, da arte, dos costumes etc., e aqueles de exaltação aos “heróis nacionais”. O artigo, ainda, desenvolve Estudos de Caso sobre dois sambas-enredo: “Aquarela brasileira”, do Império Serrano em 1964 (e reprisado em 2004), e “História para ninar gente grande”, da Mangueira em 2019.