O “Eu” em terceira pessoa: autoficção atípica no livro “Infância”, de J.M. Coetzee

Autores

  • Maristela Scheuer Deves Autor

Resumo

Este artigo analisa como se configura, no livro Infância: Cenas da Vida na Província, de J.M. Coetzee, uma autoficção que prescinde de um dos elementos básicos listados pelos principais teóricos do gênero: a primeira pessoa, ou seja, o uso do “eu”. Assim, apesar de apresentar episódios reais da vida do autor, a narrativa pode ser lida como um romance padrão, até mesmo porque, até a metade da obra, a personagem é um “ele” anônimo, com seu nome, John, e mesmo o sobrenome, Coetzee, aparecendo somente a partir da página 81 – atrasando, assim, a presença da homonímia, outro dos elementos comumente associados à autoficção. Não obstante essa aparente (e atípica) impessoalidade, o texto é pródigo em revelar a personalidade e mesmo os sentimentos da personagem, sua sensação de deslocamento, os poucos momentos de pertencimento, suas diversas contradições e a formação de sua personalidade – inclusive como autor. Assim, o presente artigo busca comprovar a existência de uma autoficção em que o “ele” faz as vezes do “eu”.

Biografia do Autor

  • Maristela Scheuer Deves

    Maristela Scheuer Deves nasceu em Pirapó, na região das Missões gaúchas, e escreve desde a infância. Por meio do jornalismo, tornou a escrita profissão, e em 2010 realizou o sonho de lançar seu primeiro livro solo, o romance policial “A Culpa é dos Teus Pais”. Desde então, publicou também os livros de mistério infanto-juvenis “O Caso do Buraco” e “O Sumiço das Bergamotas”, e os livros infantis “Os Deliciosos Biscoitos de Oma Guerta” e “Uma Cidade Desassombrada”, que têm sido adotados em dezenas de escolas. Seu mais novo livro é “O Baú dos Contos de Fadas”, voltado também ao público infantil. Atualmente, dedica-se à escrita e ao mestrado em Letras – Escrita Criativa pela PUCRS.

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Publicado

02-03-2024