O detetive redentor como derradeiro humanista: novas configurações pós-apocalípticas e pós-modernas para o romance policial

Autores

  • Leonardo Nahoum Pache de Faria Universidade Federal Fluminense Autor

Palavras-chave:

Literatura de massa, Pós-modernidade, Detetive redentor

Resumo

Este artigo propõe uma análise da trilogia The Last Policeman, de Ben H. Winters, e do romance Marooned in Realtime (1986), de Vernor Vinge, ambos escritores norte-americanos em cujas obras a conjunção de dois gêneros de literatura de massa a ficção científica e a policial, sugere o resgate do detetive de enigma clássico, em contraposição às reconfigurações mais (pós) modernas deste tipo de personagem e narrativa – como o detetive metafísico proposto por Michael Holquist ou o detetive ontológico sugerido por Elana Gomel –, mas em um contexto no qual este assume não mais meramente o papel de representante ou arauto da Razão/Técnica, mas sim do próprio ser humano e de tudo o que significa fazer parte da Humanidade: cenários inescapavelmente apocalípticos nos quais o fim do mundo e a persistência do crime de morte testam os aparentemente obsoletos padrões morais de seus protagonistas em meio a um tecido social que se esgarça aos passar dos poucos dias restantes para o fim (caso do Henry Palace de Winters) ou das eras geológicas que, já ultrapassado o fatídico Armagedom, não mais comportam calendários ou História humana (caso do Wil Brierson de Vinge). O ato de investigar e de solucionar crimes, nos dois autores, é o que tem o condão de impedir que a Humanidade se torne menos, regredindo à barbárie, ou se torne mais, abraçando um novo estágio evolutivo que é também uma espécie de extinção. Com base nos textos analisados, oferece-se uma nova modalidade de investigador, a do detetive redentor.

Biografia do Autor

  • Leonardo Nahoum Pache de Faria, Universidade Federal Fluminense

    Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal Fluminense (UFF, 2019) e Mestre em Literatura Brasileira e Teorias da Literatura (UFF, 2015), possui graduação em Comunicação Social (UFF, 1995), licenciatura em Letras e Literaturas de Língua Portuguesa (2021), especializações em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF, 2015) e em Linguagens, suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho (UFPI, 2023). É autor de 'Livros de bolso infantis em plena ditadura militar', de 'Histórias de Detetive para Crianças', da 'Enciclopédia do Rock Progressivo', do livro 'Sistemas de Transportes', coautor de 'Tagmar - RPG de Fantasia Medieval' (primeiro role-playing game brasileiro) e dirige o selo musical Rock Symphony (1997-2016). A partir de 1996, atuou como tradutor (inglês-português) para editoras como Record e Devir e, em 2010, completou o curso 'Publishing - o negócio do livro' na Fundação Getúlio Vargas. Possui experiência em educação corporativa e à distância, tendo atuado por dez anos como designer instrucional e coordenador educacional na iniciativa privada. É membro do grupo de pesquisa Escritos suspeitos (CNPq) e professor concursado de Português e Literaturas das redes de Silva Jardim (RJ) e Rio das Ostras (RJ). Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutoramento junto ao programa de pós-graduação da UFF. Entre seus inúmeros feitos não-acadêmicos, fez amizades que ainda perduram, valiosas, essas, e outras que foram levadas por doenças, suicídio ou pela distância afastadora dos cotidianos.

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Publicado

21-01-2025