O detetive redentor como derradeiro humanista: novas configurações pós-apocalípticas e pós-modernas para o romance policial
Keywords:
Literatura de massa, Pós-modernidade, Detetive redentorAbstract
Este artigo propõe uma análise da trilogia The Last Policeman, de Ben H. Winters, e do romance Marooned in Realtime (1986), de Vernor Vinge, ambos escritores norte-americanos em cujas obras a conjunção de dois gêneros de literatura de massa a ficção científica e a policial, sugere o resgate do detetive de enigma clássico, em contraposição às reconfigurações mais (pós) modernas deste tipo de personagem e narrativa – como o detetive metafísico proposto por Michael Holquist ou o detetive ontológico sugerido por Elana Gomel –, mas em um contexto no qual este assume não mais meramente o papel de representante ou arauto da Razão/Técnica, mas sim do próprio ser humano e de tudo o que significa fazer parte da Humanidade: cenários inescapavelmente apocalípticos nos quais o fim do mundo e a persistência do crime de morte testam os aparentemente obsoletos padrões morais de seus protagonistas em meio a um tecido social que se esgarça aos passar dos poucos dias restantes para o fim (caso do Henry Palace de Winters) ou das eras geológicas que, já ultrapassado o fatídico Armagedom, não mais comportam calendários ou História humana (caso do Wil Brierson de Vinge). O ato de investigar e de solucionar crimes, nos dois autores, é o que tem o condão de impedir que a Humanidade se torne menos, regredindo à barbárie, ou se torne mais, abraçando um novo estágio evolutivo que é também uma espécie de extinção. Com base nos textos analisados, oferece-se uma nova modalidade de investigador, a do detetive redentor.