Lourdes Ramalho e O Trovador Encantado: mulheres e dis/u-topismos ibero-judaicos no cenário da Inquisição Portuguesa no século XVI
Palavras-chave:
Lourdes Ramalho, Inquisição Portuguesa, Violência contra mulheresResumo
O artigo promove uma reflexão sobre o enfrentamento à violência contra mulheres ibero-judaicas no cenário da Inquisição Portuguesa no século XVI, tendo como corpus para a leitura-interpretação o cordel dramatúrgico O Trovador Encantado (2005), de Lourdes Ramalho (1920-2019), e o pano de fundo histórico da condição feminina observado nos estudos de Herculano (2009), Green (2012), Freire (2006) e Kramer (2019). O objetivo foi interpretar as estratégias de enfrentamento das mulheres contra as inúmeras violências sofridas durante o regime inquisitorial empreendida pela autora nessa obra dramatúrgica à luz dos estudos de gênero, dos estudos culturais e dos estudos críticos da dis/u-topia, tendo como referência autores como Lokaneeta (2016), Murdock (2022), Bloch (2005) e Deplagne e Cavalcanti (2019). O estudo resulta numa análise da performance das personagens Mulher Dama e Bruxa Lilia frente às violências de natureza estrutural, simbólica e epistêmica contra mulheres do contexto ibero-judaico no âmbito do regime distópico da Inquisição Portuguesa.