A tradução como um dever da memória: Antígona Negra cruza o Atlântico
Palavras-chave:
Antígona Negra, tragédia grega, tradução teatralResumo
Este artigo apresenta e discute o processo de tradução da peça Antígona Negra, da performer e antropóloga mexicana Gloria Godínez, realizado coletivamente no âmbito da disciplina Poéticas da Tradução, na Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A escolha por traduzir a peça se deu a partir da experiência cênica da obra, assistida durante o I Encuentro Internacional Cuarterías, em Las Palmas de Gran Canaria, em janeiro de 2025. Nesta peça, vemos a proposta decolonial de Godínez na composição de uma Antígona negra, marcada pelos horrores da escravidão nos engenhos de açúcar que escrevem a história de colonização das Ilhas Canárias, bem como na recuperação da memória traumática da diáspora africana. Por meio de um traçado que desloca o tempo ao atualizá-lo, vemos em cena um tempo que, embora presente, precisa ser lembrado, assim como os nomes de suas irmãs e irmãos africanos, desaparecidos e mortos nessa travessia pelo Atlântico.