Discurso, ideologia e controle: a revolução dos sentimentos em Animal Farm, de George Orwell
Palavras-chave:
Discurso, Ideologia, Poder, Literatura, OrwellResumo
Ao abordar as relações entre discurso e poder em A revolução dos bichos (Animal Farm), de George Orwell, este estudo leva em consideração a relação entre língua e ideologia. Conforme Maingueneau (2007), a identidade de um discurso não se limita ao vocabulário ou às frases, mas está associada a uma compreensão global que une as dimensões textuais a um sistema de representação sócio-histórico. Partindo desses pressupostos, a alteridade torna-se essencial para a constituição das formações discursivas, tornando essencial na formação do imaginário social
(PÊCHEAUX, 2009). Na obra analisada, publicada em 1945, pode-se observar a
força de subjetivação do discurso na construção de uma sátira da ditadura
stalinista. No enredo, os animais da Granja do Solar (Manor Farm) expulsam o sr. Jones e assumem o controle, buscando implementar um sistema mais justo do que outrora. Revolução essa que tem como força propulsora o discurso inicial do velho porco Major (Old Major). Em toda a obra, a ação discursiva se torna fundamental na organização, condução e incentivo da vida em comum, com força ainda maior na posterior implantação da ditadura do porco Napoleão
(Napoleon). Nesse cenário, o poder e a opressão são exercidos não apenas pela
violência, mas também por jogos discursivos que atuam nos sentimentos,
legitimando o status quo do regime imposto. Tendo como foco essa subjetivação, objetiva-se aqui compreender o modo de funcionamento dos discursos de controle na obra, possibilitando assim a compreensão da relação entre língua e ideologia para além do contexto do clássico livro de Orwell.