Algumas notas sobre a metáfora
Palabras clave:
metáfora; mímesis; ficção literáriaResumen
Conceitos fundamentais para a reflexão acerca da ficção literária, o estudo da mímesis e o da metáfora, por motivos distintos, parecem não estar mais no centro do debate teórico dos estudos de literatura. Grosso modo, pode-se dizer que o desprestígio da metáfora articula-se com o da mímesis. Se o conceito de mímesis, entendido como imitação desde Horácio, ficou atrelado à adoção de um referente externo, à submissão a um modelo anterior, a noção de metáfora vinculou-se à linguagem ornamental e não à novidade ou à informação, desqualificando o discurso ficcional, reputado como falso e, consequentemente, hierarquizado frente aos outros discursos considerados sérios, como, por exemplo, o das ciências da natureza. Essa compreensão também se deve, talvez, à forma como os romanos trataram a metáfora. Tendo como ponto de partida o conceito aristotélico de metáfora, nesta comunicação, pretendemos mostrar como a “metáfora viva”, de acordo com Paul Ricoeur, ou a “metáfora explosiva ou absoluta”, como definem Hans Blumenberg e Luiz Costa Lima, ou simplesmente “absoluta”, conforme Modesto Carone, é, igualmente, informação quanto um veículo para a construção da mímesis, enquanto conceito deslocado da noção de imitativo.