Ler as cartas de Lobo Antunes e as cartas criadas por Inês Pedrosa: Entrelinhas da Literatura e da História em Portugal
Palavras-chave:
Literatura Portuguesa, Inês Pedrosa, António Lobo AntunesResumo
O presente artigo pretende discutir a escrita leitura das cartas e seu uso na narrativa ficcional. Para este propósito investigativo, utilizam-se como corpus da pesquisa as obras Deste Viver Aqui Neste Papel Descripto: Cartas da Guerra, de António Lobo Antunes (2003), editado pelas filhas do autor; e Nas tuas mãos (2005), de Inês Pedrosa. O primeiro autor, na referida obra, testemunha em aerogramas os percalços e o horror da Guerra Colonial em África e escreve à sua jovem esposa, diretamente dos territórios em conflito. A segunda autora, Inês Pedrosa, cria uma personagem, Natália, filha de um guerrilheiro moçambicano, que escreve cartas à sua avó, nas quais a personagem registra suas impressões sobre a vida. Aproximar as duas obras, possibilitaria, ainda que brevemente, uma nuance de comparação entre as cartas da vida e as cartas de vida na ficção em narrativas e como materiais inquietantes para as relações entre a Literatura e a História e entre gêneros narrativos híbridos. Como referencial teórico principal, utilizou-se a obra O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet (2008) de Philippe Lejeune.